Pela primeira vez duas mulheres governarão Pernambuco, primeiro estado do Brasil

Após virada na eleição, ex-prefeita e ex-deputada estadual venceram Marília Arraes

O palácio Canto das Princesas se prepara para receber, pela primeira vez na história do estado mais antigo do Brasil, duas princesas que venceram não só uma maioria masculina, mas uma perda irreparável durante o processo eleitoral: a morte de Fernando de Lucena, marido de Raquel Lyra, titular na disputa pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB).

De Duarte Coelho, primeiro donatário (1534 à 1553) à Paulo Câmara (2014 à 2022), mulher jamais chegou ao cargo de maior prestígio na história pernambucana. Não por falta de vontade, muito menos por falta de mulheres, mas por um caldo cultural com falta de incentivo e incentivo exacerbado a práticas que muitos atrasados acreditavam ser original das mulheres. Após lutas e conquistas, não só delas, conseguidas a duras penas, Raquel e Priscila estarão a cargo de gerenciar o que em 2021 se somou R$ 233,4 bilhões, equivalente a U$ 43,7 bilhões de dólares, corrigidos pelos valores atuais.

De centro, Raquel adotou a neutralidade, no que concerne a polarização nacional, para ter chances de combater a principal adversária, que contava com o apoio do ex-presidente Lula, que ganhou no estado, nas duas voltas, com percentual acima de 60%. A estratégia surtiu efeito e, após isso, ela deve continuar abraçando a tática até o decorrer do seu mandato.

Na literatura, há vários situações que podem revelar similaridade com o caso pernambucano, embora nesse exemplo haja uma opção claramente escolhida, onde justamente Raquel fugiu.

Cansada de não ter opções que tivessem a sua visão de mundo dentro do partido conservador, no Reino Unido, Margaret Thatcher surpreendeu a todos quando desafiou a liderança de James Callaghan, primeiro ministro e líder do partido à época. Embora nenhuma mulher tenha chegado a líder do partido e primeira ministra, Thatcher conseguiu os dois no mesmo ano.

Após a vitória surpreende, Thatcher se tornou líder do seu país e até hoje é a primeira ministra mais longeva em tempos de paz. Foram 11 anos governando a Inglaterra. Até hoje somente duas mulheres voltaram ao cargo, porém não duraram se quer 1 ano.

O governo de Thatcher foi marcado por reformas economias e laborais, que acabaram atraindo a fúria da população e dos sindicatos. Embora pressionada, Margaret manteve suas medidas. Após se conhecer suas medidas duras e importantes, jornalistas soviéticos a apelidaram de Dama de ferro, o que acabou se tornando um elogio para ela. Esse apelido ficou ainda mais propício a ela quando o governo Argentino, procurando aumentar popularidade interna, invadiu as Ilhas Malvinas, conhecidas no Reino Unido como Falklands. As ilhas são um arquipélago na América do Sul que é reivindicada pelos dois países.

Os argentinos não esperavam uma resposta da primeira ministra, que também enfrentava dificuldades internas. Após enviar pelotão de guerra com mais de mil navios a ilha, Thatcher massacrou as forças militares argentinas e retomou o poder sobre as ilhas, o que acabou lhe rendendo popularidade e um terceiro mandato como primeira ministra do Reino Unido.

Após ter liderança desafiada, Thatcher renunciou e terminou assim a sua trajetória na política britânica. As medidas econômicas da Dama de ferro permanecem intactas 32 anos após sua saída do governo.

Thatcher morreu em 2013. Ela vivia a mais de 7 anos com Alzheimer.

O que esperar de Raquel Lyra e Priscila Krause?